Conversando sobre conversa

O cotidiano nos desafia e impulsiona para, na relação com o outro, diferente de mim, construir fazeres, criar formas de funcionamentos capazes de darem conta das nossas necessidades.

Enquanto seres humanos que somos, estamos sempre em constante movimento de criação, de expansão e de transformação, correndo atrás do sonho dourado de mudança na busca de algo novo: novo trabalho, novo carro, novos cursos, novos ganhos… Como se o novo estivesse sempre fora ou externo a nós. Quase sempre nos esquecemos de nos perceber, de olharmos nossos comportamentos, nossas interações com os outros neste fascinante processo de expansão tão peculiar e caro ao ser vivo.

Vivemos, me parece, o paradoxo de desejarmos mudanças sem sair do conforto das nossas certezas, dos nossos funcionamentos cristalizados, de padrões comportamentais conhecidos que nos inspiram segurança.

Se o viver do humano acontece em relação com outros diferentes, como tornar mais eficazes as minhas interações com estes outros?

Para nos comunicar podemos fazer uso de várias ferramentas, mas não devemos esquecer que uma “Boa Conversa” é uma ferramenta que faz diferença nas nossas interações e no processo de construção do conhecimento.

Falo de uma conversa que nos exige sair do automático, das certezas pré concebidas. Refiro-me a uma conversa atenta e curiosa em conhecer a visão do outro, uma conversa onde se cria espaço de escuta do outro e de mim também; um espaço de fala onde se troca saberes e experiências e também se reflete sobre… Como se fosse uma dança onde preciso estar presente sem tirar o espaço da presença do outro.

Necessitamos pois, ficar atentos no como fazemos nossas conversas. Parafraseando o poeta Thiago de Mello que diz “… novo é o jeito de caminhar”, digo: Novo é o Jeito de Conversar…

Lucia Fialho Cronemberger
Assistentente social, socióloga e mediadora